Ep. 8: Zumbis, Vodka e Tekilla

A cena da mulher morrendo bem na nossa frente, todo aquele sangue, me fez lembrar de Almir, apesar de os motivos de suas mortes serem completamente diferentes.
_ Alexandre, Alexandre! Chamamos sem resposta. Parecia realmente em choque, com os olhos caídos e fixos em um ponto. Mantivemos distância e observamos.
Ele pôs o corpo da mulher sentado com as pernas esticadas e as coisas apoiadas na parede, sentou-se ao lado e começou a falar com o cadáver. Diogo fez menção em se aproximar, mas foi impedido por Natasha.
Olhei para trás e vi Aline na sacada onde estávamos antes, ainda com o bebê no colo, ele sorria. Pobre criança.
Me despedi de Natasha e Diogo, que disseram que ficariam por ali mesmo.
Voltando para dentro, Aline também estava bem abalada. Tentei não falar sobre o que acabara de acontecer.
_ Daqui a algumas horas estará de manhã, porque não aproveitamos para descansar um pouco?
_ Sim, precisamos estar inteiros amanhã para sairmos daqui. Respondeu Aline.
Encontramos um canto e dormimos no chão. O cansaço fez com que apagássemos em poucos minutos.
Passaram-se algumas horas e então despertei com um susto. Aline já estava de pé e tinha ótimas notícias.
_ Bom dia, amor! Já ia mesmo te acordar! O Diogo falou que acha que tem uma maneira de sairmos daqui. Ele está lá fora, no telhado.
Levantei correndo e fui procurá-lo.
_ Bom dia, Diogo! Descansou?
_ Bom dia, dorminhoco! Tava roncando pra caralho, hein, maluco! Se liga, enquanto vocês dormiam eu trabelhei nisso aqui. E apontou para um cabo de aço que cruzava todo o pátio.
_ Ta vendo isso aí? É um cabo de aço que segurava os fios de alta tensão, mas foram arrancados pelo caminhão que bateu e derrubou dois postes. Ele está preso aqui em cima e vai direto até lá, ó, até o primeiro caminhão onde a mulher estava. De lá é só descer e pegarmos os carros. O que me diz?
_ Gênio! Tu é foda, cara.
_ Só tem um problema... o Alexandre encontrou um armário cheio de caixas de vodka e o resultado é aquele alí. Disse ele coçando a cabeça e apontando para Alexandre, que estava dormindo ao lado do cadáver da mulher, no mesmo lugar de ontem.
Nós o acordamos e por sorte ele estava bem, apenas com uma puta ressaca. Mas conseguiu atravessar a “tirolesa” improvisada. Primeiro foi o Diogo, seguido por Alexandre, depois Natasha. Aline pediu minha camisa e amarrou uma manga na outra fazendo uma espécie de sacola, onde levou o bebê preso ao corpo, por último fui eu. Cada um, assim que chegava, corria para o seu carro, para não perdermos mais tempo. Realmente foi uma jogada de mestre, conseguimos sair sem precisar enfrentar nem um zumbi sequer.
Seguindo a estrada, avistamos pelo retrovisor uma moto, não muito potente mas que vinha a toda velocidade. Abrimos passagem para o cara de dreads no cabelo e ele passou por nós sem olhar para os lados.
A placa de Minas Gerais indicava que aquele viajante apressado vinha de longe. Em Irajá, em frente ao Shopping, avistamos novamente o cara dos dreads, dessa vez já sem a moto e cercado por uma grande horda. Ele tinha consigo dois facões bem grandes, daqueles de cortar galhos e mostrava bastante desenvoltura com as armas. Mas o número de zumbis o deixava em uma desvantagem absurda.
_ AMOR, É O VALQUÍRIO!!! Aline gritou e acelerou, investindo sobre a horda.
Nós, nos outros carros, fomos atrás. Nosso grupo estava em três carros e com isso conseguimos pará-los estrategicamente de forma que, praticamente, cercássemos o amigo que estava em perigo. Portas abertas, saí no pequeno cerco que montamos, para uma reorganização rápida do grupo. Agora estávamos em seis pessoas.
_Val, tu pode pegar o carro com a Natasha, pra Aline vir no carro comigo?
_ Claro, pô. Mas eu não posso me separar da Tekilla. Ela pode ir comigo?
Valquírio falou enquanto tirava da mochila uma gatinha cinza e preta, uma mistura de Siamês com vira-lata, que Natasha na mesma hora pegou no colo.
_ Acho que isso é um sim. Respondi irônico.
_ Claro que pode, ainda mais com uma filhote linda dessas. Você é o cara da moto?
_ Sim, sou eu. Ela está caída ali, não consigo pegá-la.
Natasha saiu do carro para Valquírio entrar, já que a porta do outro lado estava bloqueada pelos zumbis.
_ Entra aí! Deixa que eu piloto agora, você veio de longe. Aproveita pra descansar um pouco.
_ Pô... Valeu, Natasha. E esse bebê no colo da Aline, de quem é? Perguntou meio confuso.

_ Isso é uma longa história, cara. Prazer, sou o Diogo. Esse aqui ao lado é o … PORRA, O ALEXANDRE SUMIU!!!

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