O
corredor era pequeno e estreito, mais ou menos um metro de largura
por três de comprimento e os malditos zumbis se aproximavam cada vez
mais.
Virei
os pés da cadeira para James e empurrei com toda força, fazendo o
cair de costas no quarto em frente ao corredor, corri em sua direção,
acertando-lhe a cadeira com toda a força em seu corpo, de nada
adiantou. Ele se levantou e tentou me alcançar, empurrei-o com uma
pesada no peito, arremessando-o contra a parede, bati mais uma vez no
topo da cabeça e eu continuei a golpear seu rosto, com a barra
lateral do assento da cadeira, até que ele não se movesse mais.
Aline
abriu a porta, correu e me abraçou.
_
Meu Deus, o que é isso, o que está acontecendo? Aline falou em um
tom choroso, enquanto me apertava contra si, até ser surpreendida.
_
AH, MEU DEUS, AIDÊ. SOCORRO! SOCORRO!
Ela
então pegou a cadeira das minhas mãos e empurrou Aidê até a beira
da escada, fazendo-a rolar os degraus, deixando o rastro
ensangüentado no mármore branco.
_
O que é isso na sua mão, é sangue, está ferida?
_
Não, é esmalte, eu estava pintando a unha quando vocês me ligaram.
Liguei a TV e vi o caos se alastrando, inclusive em outros estados.
Eu estava arrumando a mala com roupas e alguns artigos de higiene,
quando o James saiu da sala e veio em direção ao meu quarto, ele já
estava desse jeito. Tranquei a porta e então ouvi gritos na cozinha,
era Aidê, mas não tive coragem de sair para ajudar.
Ouvimos
passos, apressados, subindo a escada. Natasha entrou correndo com uma
bolsa nas mãos.
_Eu
estava na casa de baixo, lá tem dois zumbis, um homem e uma mulher,
mas são bem velhos, e são bem lentos também, consegui pegar alguns
mantimentos.
_
Sr. Adriano e Sra. Rosa, Aline murmurou, como quem não acreditava no
que Natasha dizia.
Eu
também engoli a seco e pedi para as meninas fazerem o mesmo na casa
da Aline.
_Vasculhem
toda a casa em busca de alimentos não perecíveis e possíveis
armas, como facas e ferramentas. Peguem o máximo possível. RÁPIDO,
VAMOS SAIR LOGO DAQUI.
Enquanto
elas faziam isso desci, lembrei que o coroa da casa de baixo tinha um
quartinho com ferramentas para cuidar das árvores. Passando pelo
corpo de Aidê, vi que havia não só uma mordida, mas sim toda a
parte de trás de seu corpo havia servido de refeição, para talvez
mais de um zumbi. Os ferimentos coagulados, porém ainda viscosos,
eram tão fundos, que deixavam sua coluna exposta. Em silêncio,
atravessei o quintal e fui direto apanhar nossas “armas”. Facões,
foices, machados, picareta, martelos... Peguei tudo e joguei em uma
lona que estava no canto, amarrando as pontas, como uma grande e
pesada sacola. Arrastei o pequeno “arsenal” até o portão da
rua, o som atraiu a atenção dos velhos, mas moviam-se devagar
demais para me alcançar. As meninas também chegaram, fechamos o
portão e já na rua começamos a carregar o carro com o que
conseguimos.
_
Meninas me ajudem aqui com isso, mas antes, escolham o instrumento
que melhor se adaptam.
Abri
a grande sacola de lona e peguei um facão, abri a fivela e prendi a
bainha ao cinto, Aline pegou uma foice em forma de meia lua e Natasha
ficou com um tesourão de poda.
Aline
olhou para traz e puxou Natasha pelo braço, gritando.
_
Olha ali, olha ali, meu Deus são muitos, parece um formigueiro.
O
número de carros batidos, cadáveres e “comedores de corpos”
tinha aumentado ainda mais, desde que passamos para buscar Aline e
isso tornava nossa passagem ainda mais complicada.
Tentei
dar a partida no carro, mas ele não pegou, o som atraiu a atenção
dos zumbis que começaram a vir em nossa direção, tendei dar a
partida mais uma vez e nada, apenas o som ecoava na rua sem vida e
parecia mais alto a cada vez que eu girava a chave.
Saí
do carro e eles saiam de dentro dos outros carros estacionados na
rua, largavam os corpos que comiam, alguns mesmo sem as pernas,
tentavam rastejar em nossa direção.
Em
baixo do carro havia uma poça no chão, abaixei e senti o cheiro da
gasolina que havia vazado. Corri até o portão de onde tínhamos
saído, em vão, ele não abria por fora.
Abri
o porta-malas e peguei um machado, acho que teríamos que encarar a
orda.
_
Vamos, meninas! Não vai ter jeito, peguem mais uma arma e vamos
deixar o carro aqui, precisamos nos abrigar em algum lugar. Eu falava
tentando encorajá-las, enquanto tentava pensar em algo.
_
Mas aonde? Aonde vamos, amor?
_
É, Alex, vamos pra onde?
_
Vamos procurar um lugar. Talvez iremos para a Vila da Penha, mas
agora precisamos sobreviver.
O
primeiro zumbi chegou e foi direto pra cima da Aline, que sem pensar
duas vezes passou a foice na barriga do monstro, isso fez seus órgãos
ficarem dependurados e ele tropeçar no próprio intestino, mas não
foi suficiente para anular a ameaça, ele continuava andando em sua
direção.
Cravei
o facão em seu pescoço e ele ainda investia para cima dela, que
ficou encurralada entre o zumbi e o carro.
_
ABAIXA A CABEÇA! Gritei e assim que ela o fez, consegui acertar a
testa de filho da puta com o machado, fazendo escorrer o melado, um
sangue quase preto e muito denso.
Aline
empurrou aquela carcaça putrefata e com sua foice degolou um segundo
zumbi que já se aproximava.
_
NATASHA, DÁ NA CABEÇA, PORRA! Aline gritou e correu no sentido
contrário ao que vinha a orda.
Natasha
então abriu a tesoura e cravou no olho de um enquanto com um martelo
acertava a têmpora da outro.
_
GENTE, AQUI, AQUI! Aline gritou de cima de um muro gradeado, porém
baixo de uma casa a alguns metros dali.
Eu
e Natasha corremos e também pulamos para dentro do terreno, ficamos
ali, olhando os zumbis, que já estavam na grade tentando nos puxar,
quando ouvimos o som de um tiro, muito alto, vindo da casa. Viramos
para trás, e há uns 5 metros de nós, um velho segurava um
revolver.
_
VOLTEM JÁ PELO MESMO CAMINHO, SEUS FILHOS DE UMA PUTA, MINHA CASA
NINGUÉM VAI INVADIR, NÃO VÃO ME MATAR COM ESSA COISA!
Ele
falou e deu mais um tiro, agora no chão bem próximo aos nossos pés.
_O
PRÓXIMO É PRA MATAR! ANDA! VÃO EMBORA! ESTÃO SURDOS?!
Agora
éramos nós, o velho armado de um lado e os zumbis do outro,
precisávamos de uma solução.